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quarta-feira, 24 de novembro de 2010

ANOITECER (Raimundo Correia)


ANOITECER 
Raimundo Correia


Esbraseia o Ocidente na agonia
O Sol... Aves em bandos destacados,
Por céus de oiro e de púrpura raiados,
Fogem... Fecha-se a pálpebra do dia...

Delineiam-se, além, da serrania
Os vértices de chama aureolados,
E em tudo, em torno, esbatem derramados
Uns tons suaves de melancolia...

Um mundo de vapores no ar flutua...
Como uma informe nódoa, avulta e cresce
A sombra à proporção que a luz recua...

A natureza apática esmaece...
Pouco a pouco, entre as árvores, a lua
Surge trêmula, trêmula... Anoitece.



Análise do poema

O poema acima está inserido cronologicamente e caracteristicamente no estilo de época parnasianista. Analisando - o com certo conhecimento do estilo, podemos observar no mesmo diversas características típicas de poemas do estilo.

O poema do estilo parnasianista tem como uma de suas características a descrição de algo (um objeto, um acontecimento, um fenômeno da natureza, uma paisagem, etc.), e no presente poema podemos facilmente observar essa característica na medida em que o poeta descreve (sempre de forma poética) o anoitecer de um dia. Também podemos observar no poema um recurso poético extremante popular e utilizado por poetas deste estilo, a inversão de frases, colocando o sujeito da oração no fim da mesma ao invés de posicioná-lo no início, como seria de costume. Note essa característica nos versos:


“Esbraseia o Ocidente na agonia
O Sol (...)”


Onde o poeta poderia ter dito “O Sol esbraseia o Ocidente na agonia”, diz, “Esbraseia o Ocidente na agonia O Sol”, esse é um recurso que torna a frase mais bela e rica poeticamente, enriquecendo também o poema. Também nota-se que Raimundo Correia não se preocupou tanto com as rimas ricas típicas dos parnasianistas: Agonia/dia, serrania/melancolia são todos substantivos, logo pertencem à mesma classe gramatical, caracterizando assim as ditas rimas pobres, condenadas pelos poetas parnasianos. O mesmo ocorre com flutua/recua, esmaece/anoitece, destacados/raiados, e com aureolados/derramados, todos são verbos. Também se pode observar o emprego de palavras com terminações que dão rimas fáceis de serem feitas, existem muitas palavras que terminam com -ar, -er, ou -ir; e -ão por exemplo, O que, em teoria, também empobreceria o poema, segundo diria a você um poeta parnasiano.



GRUPO: Samuel Siqueira, Jéssica Klein, Patrícia Mafort

domingo, 21 de novembro de 2010

               Mal Secreto (Raimundo Correia)



" Se a cólera que espuma a dor que mora
  N'alma , e destrói cada ilusão que nasce ,
  tudo o que punge , tudo o que devora
  o coração , no rosto se estampasse ;


 Se se pudesse , o espirito que chora ,
 ver através da mascará da face ,
 quanta gente ,talvez que inveja agora
 nos causa ,então piedade nos causasse!

Quanta gente que ri ,talvez consigo
quarda um atroz. recôndito inimigo ,
como invisivel chaga cancerosa ;

Quanta gente que ri ,talvez existe.
Cuja ventura unica consiste
em parecer aos outros venturosa ! "


        Analize do Poema

Atroz : Sem piedade ;desumano.
Canceroso : Da natureza do câncer.Doente de câncer.
Chaga : Ferida aberta ; úlcera. A cicratriz por ela deixada .
Punge : vem do verbo pungir ; Ferir ou furar com objetivo pontilhado ; picar . Estimular ,aflingir.
Recôndita : Oculto ,desconhecido.

'' Raimundo Correia"


      Como podemos analisar este é um soneto parnasianista de Raimundo Correia ,uma poesia que mostra
      claremte racionalista de elevado vocbular ,que aborda temas universais.


'' Tudo o que punge '' ; todos são feridos ou picados neste universo .

''Quanta gente que ri ,talvez consigo
quarda um atroz. recôndito inimigo ,
como invisivel chaga cancerosa ;''    ;  Todos temos muitos amigos ,mas nem sempre sabemos se são de verdade ou so por intereresse ;Raimundo aborda que muitas pessoas convive com você se faz de amiga mais no fundo ,essa pessoa pode ser um cancer prestes a ser diagnosticado ,e acabara com sua vida .Por isso estou sempre com  meu olho bem aberto com meus amigos .


Grupo: Fabricio,Najla e Juliana.

Literatura

Profissão de Fé
(Olavo Bilac)




Não quero o Zeus Capitolino

Hercúleo e belo,

Talhar no mármore divino

Com o camartelo.



Que outro - não eu! - a pedra corte

Para, brutal,

Erguer de Atene o altivo porte

Descomunal.





Mais que esse vulto extraordinário,

Que assombra a vista,

Seduz-me um leve relicário

De fino artista.



Invejo o ourives quando escrevo:

Imito o amor

Com que ele, em ouro, o alto relevo

Faz de uma flor.



Imito-o. E, pois, nem de Carrara

A pedra firo:

O alvo cristal, a pedra rara,

O ônix prefiro.



Por isso, corre, por servir-me,

Sobre o papel

A pena, como em prata firme

Corre o cinzel.



Corre; desenha, enfeita a imagem,

A ideia veste:

Cinge-lhe ao corpo a ampla roupagem

Azul-celeste.



Torce, aprimora, alteia, lima

A frase; e, enfim,

No verso de ouro engasta a rima,

Como um Rubim.



Quero que a estrofe cristalina,

Dobrada ao jeito

Do ourives, saia da oficina

Sem um defeito:



E que o lavor do verso, acaso,

Por tão subtil,

Possa o lavor lembrar de um vaso

De Becerril.



E horas sem conto passo, mudo,

O olhar atento,

A trabalhar, longe de tudo

O pensamento.



Porque o escrever - tanta perícia,

Tanta requer,

Que oficio tal... nem há notícia

De outro qualquer.



Assim procedo. Minha pena

Segue esta norma,

Por te servir, Deusa serena,

Serena Forma!



Deusa! A onda vil, que se avoluma

De um torvo mar,

Deixa-a crescer; e o lodo e a espuma

Deixa-a rolar!



Blasfemo> em grita surda e horrendo

Ímpeto, o bando

Venha dos bárbaros crescendo,

Vociferando...



Deixa-o: que venha e uivando passe

- Bando feroz!

Não se te mude a cor da face

E o tom da voz!



Olha-os somente, armada e pronta,

Radiante e bela:

E, ao braço o escudo> a raiva afronta

Dessa procela!



Este que à frente vem, e o todo

Possui minaz

De um vândalo ou de um visigodo,

Cruel e audaz;



Este, que, de entre os mais, o vulto

Ferrenho alteia,

E, em jato, expele o amargo insulto

Que te enlameia:



É em vão que as forças cansa, e â luta

Se atira; é em vão

Que brande no ar a maça bruta

A bruta mão.



Não morrerás, Deusa sublime!

Do trono egrégio

Assistirás intacta ao crime

Do sacrilégio.



E, se morreres por ventura,

Possa eu morrer

Contigo, e a mesma noite escura

Nos envolver!



Ah! ver por terra, profanada,

A ara partida

E a Arte imortal aos pés calcada,

Prostituída!...



Ver derribar do eterno sólio

O Belo, e o som

Ouvir da queda do Acropólio,

Do Partenon!...



Sem sacerdote, a Crença morta

Sentir, e o susto

Ver, e o extermínio, entrando a porta

Do templo augusto!...



Ver esta língua, que cultivo,

Sem ouropéis,

Mirrada ao hálito nocivo

Dos infiéis!...



Não! Morra tudo que me é caro,

Fique eu sozinho!

Que não encontre um só amparo

Em meu caminho!



Que a minha dor nem a um amigo

Inspire dó...

Mas, ah! que eu fique só contigo,

Contigo só!



Vive! que eu viverei servindo

Teu culto, e, obscuro,

Tuas custódias esculpindo

No ouro mais puro.



Celebrarei o teu oficio

No altar: porém,

Se inda é pequeno o sacrifício,

Morra eu também!



Caia eu também, sem esperança,

Porém tranquilo,

Inda, ao cair, vibrando a lança,

Em prol do Estilo!




Este poema talvez seja o que melhor retrata a época parnasiana pois nele percebemos toda a riqueza buscada pelo autor, tanto no texto quanto na forma.


Nas duas primeiras estrofes, Olavo Bilac deixa isso bem claro ao se comparar a um ouvires.

Na ourivesaria se fabrica peças de grande riqueza de detalhes.



Na nona estrofe ele diz:

Quero que a estrofe cristalina,
Dobrada ao jeito
Do ourives, saia da oficina
Sem um defeito.
Esta estrofe resume bem o parnasianismo pois nela conseguimos reconhecer tudo o que o poeta quer. Se olharmos bem vemos a metrificação sempre regular ea grande variedade de rimas ricas.

Aqui também percebemos que não há nenhuma preocupação com os dramas do cotidiano popular.

O autor simplesmente ignora tudo ao se redor e se rende somente a perfeição de seu poema, que descreve sua profissão tão querida, a escrita. (Torre de Marfim).


Grupo-Claudia,Raquel,Victor.                                                                     2002

sábado, 20 de novembro de 2010

Vaso grego (Alberto de Oliveira)

Vaso grego


Esta de áureos relevos, trabalhada
De divas mãos, brilhante copa, um dia,
Já de aos deuses servir como cansada,
Vinda do Olímpo, a um novo deus servia.

Era o poeta de Teos que a suspendia
Então, e, ora repleta ora esvazada,
A taça amiga aos dedos seus tinia,
Toda de roxas pétalas colmada.

Depois... Mas o lavor da taça admira,
Toca-a, e do ouvido aproximando-a, às bordas
Finas hás de lhe ouvir, canora e doce,

Ignota voz, qual se da antiga lira
Fosse a encantada música das cordas,
Qual se essa voz de Anacreonte fosse.


(Alberto de Oliveira)

 



Este soneto reflete perfeitamente o estilo de  poesia parnasiana, pois usa uma rima trabalhada e palavras cuidadosamente selecionadas para formar uma belíssima obra, ela retrata um pouco da mitologia Greco romana  pois o parnasianismo se baseava se na mitologia grega, algo notável também no movimento parnasianista é que eles tinham palavras para contar uma história porem não tinham história para ser contada como ocorre neste poema, pois ele trata de um assunto nada relevante um vaso, eles não abordam nenhuma critica social ou um tema relevante eles faziam a arte pela arte.


grupo: Fausto,Miguel,Natan

REMORSO (Olavo Bilac)

Remorso

Às vezes uma dor me desespera...
Nestas ânsias e dúvidas em que ando,
Cismo e padeço, neste outono, quando
Calculo o que perdi na primavera.

Versos e amores sufoquei calando,
Sem os gozar numa explosão sincera...
Ah ! Mais cem vidas ! com que ardor quisera
Mais viver, mais penar e amar cantando !

Sinto o que desperdicei na juventude;
Choro neste começo de velhice,
Mártir da hipocrisia ou da virtude.

Os beijos que não tive por tolice,
Por timidez o que sofrer não pude,
E por pudor os versos que não disse!


Olavo Bilac




O poema Remorso de Olavo Bilac, expressa o lamento que o autor sente pelas coisas que ele deixou de fazer. O poema se caracteriza com a era parnasiana por composição de soneto, clareza e lógica e por ser descritivo. Além disso, o poema é de rimas ricas e raras ‘calando, cantando’.

Grupo: Maya Wrede, Maiara Brust e Amanda Louback

A UM POETA (Olavo Bilac)

A um poeta (Olavo Bilac)



Longe do estéril turbilhão da rua,

Beneditino escreve! No aconchego

Do claustro, na paciência e no sossego,

Trabalha e teima, e lima , e sofre, e sua!



Mas que na forma se disfarce o emprego

Do esforço: e trama viva se construa

De tal modo, que a imagem fique nua

Rica mas sóbria, como um templo grego



Não se mostre na fábrica o suplicio

Do mestre. E natural, o efeito agrade

Sem lembrar os andaimes do edifício:



Porque a Beleza, gêmea da Verdade

Arte pura, inimiga do artifício,

É a força e a graça na simplicidade. 






Glossário

Esteril turbilhão : Que não produz remoinho de vento .

Clausto :A vida monástica

Suplício : Pena de morte

Andaimes : Armação com estrado ,sobre o qual trabalham operários nas construções Artifício: Processo ou meio para se obter um objeto artístico .




  

    O poema "A um Poeta", de Olavo Bilac é um poema Parnasiano, onde o autor descreve em seus primeiros versos, de como um poeta é capaz de trabalhar longe do dia a dia com a multidão (isolado).
   Apresentado com versos de dez silabas métricas. Nesse poema as caracteristcias do Parnasianismo são bem presentes em cada estrofe. Encontra-se o Objetivismo e a Impessualidade “longe do estéril turbilhão da rua, Beneditino descreve !...”.
   O poema é um soneto e tem rimas ricas (rua e sua ,aconchego e sossego ...) A também a presença na realidade, Metrificação rigorosa.
   Nos três versos finais ,o belo é o sentido da verdade, de forma intensa a harmonia, “Porque a beleza ,gêmea da verdade ...”




Dupla:Thais Oliveira da Costa e Gisele Knupp

AS POMBAS (Raimundo Correia)

As Pombas (Raimundo Correia)


“Vai-se a primeira pomba despertada...

Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas

De pombas vão-se dos pombais, apenas

Raia sangüínea e fresca a madrugada...



E à tarde, quando a rígida nortada

Sopra, aos pombais, de novo, elas, serenas,

Ruflando as asas, sacudindo as penas

Voltam todas em bando e em revoada...



Também dos corações onde abotoam,

Os sonhos, um por um, céleres voam

Como voam as pombas dos pombais;



No azul da adolescência as asas soltam,

Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam

E eles aos corações não voltam mais...”




Glossário:

Raia sangüínea: o nascer do sol da cor do sangue

Rígida nortada: rigoroso vento do norte

Ruflando as asas: agitando as asas

Céleres: rápidos, velozes




   A poesia Parnasiana se opõe ao estilo romântico, o Parnasianismo buscava a perfeição formal e trabalhava temas universais como no caso “As Pombas”.
   As poesias Parnasianas cultuavam a forma, valorizando o vocabulário correto, a clareza verbal, as rimas perfeitas, a metrificação e o ritmo, ou seja, todos os versos tinham que ter o mesmo número de silabas poéticas, as rimas tinham de ser de classes gramaticais diferentes como no poema (despertada e madrugada) uma palavra é um verbo e a outra é um substantivo, preferem o formato de um soneto e cada palavra é escolhida especificamente para aquela situação.
   Era uma poesia descritivista, que detalhava objetos e situações, como no trecho a seguir: “Sopra, aos pombais, de novo, elas, serenas, ruflando as asas, sacudindo as pena voltam todas em bando e em revoada”. Nesse poema eles não falavam sobre a antiguidade clássica, greco-romana, aspectos de sua história e de sua mitologia como normalmente utilizam.
   Eles desprezavam os temas individuais, ou seja, o poeta devia ser neutro diante da realidade, esconder seus sentimentos, sua vida pessoal, sem haver interferências da interioridade do artista. E faziam a “arte pela arte”, ou seja, a arte não teria nenhum sentido utilitário, nenhum tipo de compromisso, é auto-suficiente e justifica-se apenas pela sua beleza formal. Isso justifica a sua impessoalidade e objetivismo. Os poemas parnasianos eram resultado do esforço e não da inspiração.

Dupla: Maria Juliana Klein e Patrícia Mozer Sardinha