As Pombas (Raimundo Correia)
“Vai-se a primeira pomba despertada...
Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sangüínea e fresca a madrugada...
E à tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais, de novo, elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas
Voltam todas em bando e em revoada...
Também dos corações onde abotoam,
Os sonhos, um por um, céleres voam
Como voam as pombas dos pombais;
No azul da adolescência as asas soltam,
Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam
E eles aos corações não voltam mais...”
Glossário:
Raia sangüínea: o nascer do sol da cor do sangue
Rígida nortada: rigoroso vento do norte
Ruflando as asas: agitando as asas
Céleres: rápidos, velozes
A poesia Parnasiana se opõe ao estilo romântico, o Parnasianismo buscava a perfeição formal e trabalhava temas universais como no caso “As Pombas”.
As poesias Parnasianas cultuavam a forma, valorizando o vocabulário correto, a clareza verbal, as rimas perfeitas, a metrificação e o ritmo, ou seja, todos os versos tinham que ter o mesmo número de silabas poéticas, as rimas tinham de ser de classes gramaticais diferentes como no poema (despertada e madrugada) uma palavra é um verbo e a outra é um substantivo, preferem o formato de um soneto e cada palavra é escolhida especificamente para aquela situação.
Era uma poesia descritivista, que detalhava objetos e situações, como no trecho a seguir: “Sopra, aos pombais, de novo, elas, serenas, ruflando as asas, sacudindo as pena voltam todas em bando e em revoada”. Nesse poema eles não falavam sobre a antiguidade clássica, greco-romana, aspectos de sua história e de sua mitologia como normalmente utilizam.
Eles desprezavam os temas individuais, ou seja, o poeta devia ser neutro diante da realidade, esconder seus sentimentos, sua vida pessoal, sem haver interferências da interioridade do artista. E faziam a “arte pela arte”, ou seja, a arte não teria nenhum sentido utilitário, nenhum tipo de compromisso, é auto-suficiente e justifica-se apenas pela sua beleza formal. Isso justifica a sua impessoalidade e objetivismo. Os poemas parnasianos eram resultado do esforço e não da inspiração.
Dupla: Maria Juliana Klein e Patrícia Mozer Sardinha
Excelente.
ResponderExcluirNota: 2,0