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sábado, 20 de novembro de 2010

AS POMBAS (Raimundo Correia)

As Pombas (Raimundo Correia)


“Vai-se a primeira pomba despertada...

Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas

De pombas vão-se dos pombais, apenas

Raia sangüínea e fresca a madrugada...



E à tarde, quando a rígida nortada

Sopra, aos pombais, de novo, elas, serenas,

Ruflando as asas, sacudindo as penas

Voltam todas em bando e em revoada...



Também dos corações onde abotoam,

Os sonhos, um por um, céleres voam

Como voam as pombas dos pombais;



No azul da adolescência as asas soltam,

Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam

E eles aos corações não voltam mais...”




Glossário:

Raia sangüínea: o nascer do sol da cor do sangue

Rígida nortada: rigoroso vento do norte

Ruflando as asas: agitando as asas

Céleres: rápidos, velozes




   A poesia Parnasiana se opõe ao estilo romântico, o Parnasianismo buscava a perfeição formal e trabalhava temas universais como no caso “As Pombas”.
   As poesias Parnasianas cultuavam a forma, valorizando o vocabulário correto, a clareza verbal, as rimas perfeitas, a metrificação e o ritmo, ou seja, todos os versos tinham que ter o mesmo número de silabas poéticas, as rimas tinham de ser de classes gramaticais diferentes como no poema (despertada e madrugada) uma palavra é um verbo e a outra é um substantivo, preferem o formato de um soneto e cada palavra é escolhida especificamente para aquela situação.
   Era uma poesia descritivista, que detalhava objetos e situações, como no trecho a seguir: “Sopra, aos pombais, de novo, elas, serenas, ruflando as asas, sacudindo as pena voltam todas em bando e em revoada”. Nesse poema eles não falavam sobre a antiguidade clássica, greco-romana, aspectos de sua história e de sua mitologia como normalmente utilizam.
   Eles desprezavam os temas individuais, ou seja, o poeta devia ser neutro diante da realidade, esconder seus sentimentos, sua vida pessoal, sem haver interferências da interioridade do artista. E faziam a “arte pela arte”, ou seja, a arte não teria nenhum sentido utilitário, nenhum tipo de compromisso, é auto-suficiente e justifica-se apenas pela sua beleza formal. Isso justifica a sua impessoalidade e objetivismo. Os poemas parnasianos eram resultado do esforço e não da inspiração.

Dupla: Maria Juliana Klein e Patrícia Mozer Sardinha

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